terça-feira, 29 de outubro de 2013

Começar finalmente a viver

Este é um post do tudo, do nada.
Do certo, do errado.
Do querer e não querer.
Do desejar e não ter.
É um post de indecisão.
De não saber o que fazer.
De saber o que é certo e a ele dizer NÃO!
É um grito de revolta.
Um grito de indignação.
É um sentimento de procura.
Uma necessidade de mudar.
É branco, é preto, é assim assim.
É colorido, certeiro e bem definido.
É amado, é odiado, causa indiferença.
Mas também faz a diferença.
Faz a diferença para mim, para ti, para nós, para os outros.
Faz pensar, olhar para a frente, olhar para trás.
Questiona cada um se é capaz.
Capaz de saltar, de voar, de mergulhar.
De mudar de rumo sem pensar um segundo.
De agir sem pensar, só sentir.
E de ficar parado a ouvir.
O silêncio, o mar, o vento.
E o bater do coração.
A saudar entusiasticamente a decisão.
A cada batida.
Um sinal de apreço.
Um sinal de agrado.
Um grande MUITO OBRIGADO!
E começar finalmente a viver.
Perdendo o medo de estar a perder,
a oportunidade que se tem de ser.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ser feliz...

... a que preço?
... em que condições?
... sozinho ou acompanhado?
... completa ou parcialmente?
... com sorte ou fazendo por isso?
... em plena tranquilidade da sua consciência?

Ser feliz... é provavelmente o sonho comum a todas as pessoas. Nasce connosco e por ele lutamos (ou tentamos lutar) toda a vida.

Quando somos bebés lutamos pela nossa felicidade ao chorarmos para nos darem leite ou para nos trocarem a fralda.

Depois crescemos um pouco, somos crianças, e lutamos muito para podermos fazer exatamente aquilo que queremos.

A dada altura a nossa felicidade parece depender daquilo que vestimos, dos amigos que temos, dos sítios que frequentamos, das coisas que dizemos e sabemos, da forma como as pessoas fixes da nossa idade olham para nós, de termos ou não um/a namorado/a

Muitas outras fases se passam até que um dia, sem idade definida, dependendo do quanto cada pessoa se sente preparada para isso, ser feliz significa tão e somente ter uma família, ter uma pessoa ao seu lado e ter filhos. Se a isso for possível juntar ser feliz na vida profissional, melhor ainda.

Às vezes exigimos tanto mas tanto da vida, que nunca parecemos estar satisfeitos com nada, como se tudo que já temos não tem valor e como se apenas tem valor tudo o que ainda não temos. Se calhar apenas temos de aprender a ser menos exigentes com a vida sabendo apreciar o que ela nos dá.

Ser feliz...
Ser feliz é ter sempre motivos por que sorrir apesar de todos os outros motivos que possam existir e que nos fazem chorar.
É saber que independentemente da forma como correr o dia, temos em casa à nossa espera alguém de braços abertos para nos mimar e a quem mimar.
É comer chocolate todos os dias sem remorsos.
É cantar, dançar, rodopiar, bailar... sempre que apetecer.
É respirar fundo e ao expirar sentir os problemas a desaparecer.
É ir ao cinema com os amigos, jantar fora com os amigos. Reencontrar os amigos de sempre e perceber que nada mudou.
É brincar com os filhos, horas e horas a fio, sem dar conta do tempo passar.
É voltar a ser criança e não ter preocupações.
Na verdade, para ser feliz, ou para se começar a ser feliz, não é preciso muito. Basta sentirmos amor por nós e ter na nossa vida pessoas que nos amam e que nós amemos.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Atentados...

Será hipocrisia ou simplesmente a reação normal do ser humano?

Pouco depois do recente atentado de Boston li um comentário de alguém indignado pelo facto de haver pessoas horrorizadas com o sucedido. Argumentava que diariamente há notícias de atentados igualmente injustificáveis que causam a morte de várias pessoas, incluindo crianças, em países como o Afeganistão, a Síria, ... E perguntava-se se as mesmas pessoas que se horrorizaram com o atentado de Boston também se horrorizam com esses atentados. Se o sofrimento de uns pais vale menos que o de outros.

Para mim a questão não é se uns pais são mais do que outros. Se um país merece mais compaixão que outros. Ou se um destes atos é mais grave do que os outros. Para mim, qualquer atentado deste e de qualquer outro género, sobretudo se dele resultarem vítimas mortais, mesmo que seja só uma pessoa e mesmo que essa só uma pessoa seja já um velhinho muito velhinho, é algo altamente reprovável. Não acho que uns sejam mais graves do que outros. O princípio por detrás de um ato destes é exatamente o mesmo e as consequências também.

No entanto acho normal alguns destes atos "mexerem" mais connosco do que outros. Suscitarem mais a nossa curiosidade. Levarem-nos a ficar mais preocupados e solidários. Não é por egoísmo. Não é por hipocrisia. É, na minha opinião, porque é normal assim ser. É normal chocarmo-nos mais com aquilo que não acontece com tanta regularidade. Ou com aquilo que acontece mais perto de nós ou a pessoas com quem nos identificamos mais. Por outro lado, acontecimentos mais distantes, com pessoas muito diferentes de nós ou que infelizmente se tornaram banais, acabam por ser acontecimentos rotineiros. E tudo que é rotina deixa de ser novidade, acaba por perder o interesse.

Transpondo para a realidade pessoal de cada um de nós.
"Mexe" muito mais comigo o que acontece a um familiar, a um amigo. Menos, a um conhecido; a um vizinho; ao motorista do autocarro que me transporta todos os dias; à funcionária da padaria que me vende o pão todos os dias; a qualquer pessoa que eu não conheça. Por isso será normal sofrer muito mais a perda de um familiar ou de um amigo, do que a de um conhecido ou a de um vizinho. Isto faz de mim uma pessoa hipócrita ou insensível para com os outros e o sofrimento dos outros? Sei bem que todas as perdas humanas são de lamentar, mas é óbvio que eu as sentirei de maneira diferente consoante a minha ligação a essas pessoas.

E agora voltando aos atentados que assolam diariamente o nosso mundo.
Um atentado na cidade onde moro seria aquele que mexeria mais comigo. Depois desse, seria um atentado em qualquer outro lugar do meu país. A seguir provavelmente em Espanha (porque fica mesmo aqui ao lado) ou em qualquer outro país onde tenha pessoas próximas a viver. Depois nos países que de certo modo fazem parte do mesmo mundo que o nosso (porque infelizmente este planeta é só um, mas existem nele muitos mundos diferentes). E só depois nos países mais distantes quer fisicamente, quer ideologicamente ou culturalmente. E a juntar a isto, mexem muito mais comigo atos deste género que acontecem em locais onde habitualmente coisas do género não são notícia (lembram-se do massacre de 2011 em Oslo? é só um exemplo). Pode parecer errado, mas acho que é da natureza humana reagir assim e não tenho vergonha em admiti-lo. Claro que odeio ver e ouvir notícias de crianças mortas em atentados no Afeganistão ou na Síria (...). De crianças a morrer à fome. De adultos, idosos, jovens, crianças em sofrimento pela guerra ou pela pobreza. Odeio! Não gosto! Mas como hei-de eu reagir? Sempre com horror a notícias desta natureza, se essas notícias forem nos países do costume? É que o que se torna comum, banal, repetitivo deixa de mexer tanto connosco. E infelizmente há países onde recorrentemente há atentados e pessoas a viver na miséria. Por muito que não goste dessa realidade, é o que temos. Por isso os mais sensíveis que me perdoem se no dia do atentado de Boston fiquei mais horrorizada com esse mesmo atentado do que com atentados semelhantes nos países do costume. É que para me horrorizar com o que se passa nos países do costume tenho 365 dias por ano, infelizmente. Nos outros, felizmente (ou infelizmente - já que não devia haver nenhum), tenho "apenas" um punhado de dias.

Hipocrisia ou reação normal? Para mim é reação normal. Uma pessoa não aguentava com a emoção diária do horror que há pelo mundo inteiro se se indignasse sempre da mesma maneira. É triste que assim seja, mas infelizmente há notícias que se tornaram tão comuns ao ponto de deixarem de ser notícia.

Os intelectuais, os pseudo-intelectuais, os que querem ser intelectuais ou os que pensam que são intelectuais, que refutem as minhas ideias, que me chamem hipócrita, que digam que estou errada. Não me interessa. Estou apenas a expressar a minha opinião, nada mais. E apesar de achar que o expressei de forma clara, digo-o novamente para não deixar dúvidas nenhumas: respeito a vida de todas as pessoas e não gosto que haja quem morra ou sofra como consequência de atos idiotas; seja qual for a cor, a crença, a origem, a etnia, ...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres...

... há para todos os gostos, em todos os tamanhos e feitios.

Há as mulheres tão altas como os homens mais altos e há as mulheres compactas, portáteis, de trazer debaixo do braço. As mulheres cor de chocolate negro, as de cor de chocolate branco ou de outra cor qualquer, como as de cor de chocolate de avelã. Há as que têm raios de sol no lugar dos cabelos, as ruivas com cabelo cor de geleia e as de cabelos brancos como a neve. Há mulheres cheinhas, rechonchudinhas e fofinhas, e há mulheres magrinhas. Umas têm olhos cor do mar ou cor do céu. Outras olhos esmeralda ou cor de café. Há as que trabalham e há as que dedicam a vida à família. As que vivem para o trabalho e as que vivem.

Há as mulheres-mães e as mulheres-filhas. As mulheres-irmãs, mulheres-primas e as mulheres-tias. As mulheres-noras, as mulheres-sogras, as mulheres-cunhadas. As mulheres-amigas, as mulheres-professoras, as mulheres-médicas, as mulheres-colegas. As mulheres-que-são-tudo e as mulheres-que-apenas-são-mulheres.

Sejam elas uma ou outra coisa, qualquer tipo de mulher é mulher. E as mulheres são um ser único. Um ser capaz de um amor infinito, capaz de tudo pelos que ama. Um ser que luta, que sofre e que tudo aguenta. Um ser que após ser mãe pela primeira vez deseja do fundo do coração ser mãe de novo, esquecendo completamente o quanto custou.

As mulheres são também frágeis como um copo de cristal. Vivem as emoções e os sentimentos mais intensamente. Gostam de mimos, de atenção, de romantismo. Um bombom de chocolate, uma flor, uma valsa a dois.

As mulheres são tudo isto, mas sobretudo muito mais do que isto. São um baú de recordações, de sonhos, de amigos, de momentos, de pessoas, de desejos. E todas elas são a pessoa mais importante da vida de alguém. Que todas as mulheres e todos os homens estimem as mulheres das suas vidas. Mas que todas as mulheres e todos os homens estimem também os homens das suas vidas. Pois sem os homens, as mulheres não seriam muito do que são. E vice-versa...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Acordes melodiosos: o início

Ao contrário do que acontece com a maioria das pessoas, principalmente durante a sua adolescência e juventude, eu nunca percebi grande coisa de música nem nunca fui grande "paranóica" com nenhuma banda, cantor ou grupo. Mais do que gostar do repertório total de um músico qualquer, gostava de músicas de muitos músicos diferentes.

Gostava dos Bon Jovi, Kelly Family, Pedro Abrunhosa, Laura Pausini, Rui Veloso e de tantos e tantos outros e de tantas e tantas músicas todas muito diferentes. Havia também a música clássica, com a qual cresci inicialmente não por escolha minha :) O meu pai ADORA e percebe imenso de música clássica. Lá em casa sempre foi o estilo de música que mais se ouvia e era frequentar ele acordar-nos aos domingos de manhã (a mim e à minha irmã) com música clássica no volume máximo. Durante muito tempo detestava acordar daquela maneira pois cismava que não gostava de nenhuma. Até que numa dessas manhãs, ao acordar, dei por mim a pensar "porque é que não é aquela música bonita?". E foi ai que percebi que afinal até gostava de alguma coisa. Essa música era a Abertura sinfónica da Cavalleria Rusticana. Hoje em dia esta ainda é a minha ópera favorita.

Agora, já crescida, a minha relação com a música não é muito diferente de quando era mais nova. Por norma não passo horas a fio a ouvir música e os meus gostos já não são bem os mesmos. Não faço a menor ideia de há quantos anos é que não ouço uma música da Laura Pausini ou dos Kelly Family, por exemplo, e o que conheço dos Bon Jovi não é muito diferente do que conhecia na altura, já para não dizer que hoje em dia já não lhes acho tanta piada (apesar de que há uma ou outra música que ficaram). Nos dias de hoje continuo a gostar de muitas músicas de muitos músicos diferentes e gosto cada vez mais de música clássica. Mas há 4 ou 5 anos atrás descobri alguém de quem simplesmente adoro praticamente todas as músicas. Essa cantora é a Katie Melua e quando ouvi pela primeira vez uma  música dela parecia uma maluquinha, não consegui parar de ouvir todas as outras músicas logo de seguida e só pensava "eu gosto de todas!". Nessa tarde vivi um daqueles momentos de música que devia ter vivido na adolescência. Mas nunca é tarde demais :)

Posto isto, criei a página Acordes melodiosos onde vou reunindo todos os posts relacionados com música que aqui publicar.

Células estaminais

estaminal
(latim stamen, -inis, fio + -al)
adj. 2 g.
1.  [Botânica] Relativo a estames.
2. [Biologia] Diz-se da célula indiferenciada que se pode dividir e originar células semelhantes indiferenciadas ou células diferenciadas.

Células estaminais são células que se podem dividir e diferenciar em células especializadas, como sendo células de ossos, nervos, músculos ou sangue. Não sendo exclusivas do corpo humano, neste podem encontrar-se em vários locais, como é o tão conhecido caso do cordão umbilical.
Atualmente, praticamente todos os casais grávidos são bombardeados com folhetos e panfletos de vários bancos privados de células estaminais do cordão umbilical. E a publicidade é feita de forma tão "agressiva", que na maioria dos casos só não optam por uma dessas ofertas por questões meramente financeiras. Mas vamos parar para pensar um bocadinho sobre este assunto.

O estudo sobre a aplicação das células estaminais ainda vai muito no início (apesar de já datar de finais dos anos 80), portanto convencer alguém de que é um bom investimento porque nunca se sabe em que pode vir a ser usado no futuro, não me parece um bom argumento. Outra realidade é a de que muitas das doenças que são ditas como potencialmente curáveis através desta terapêutica, são doenças genéticas e portanto se a pessoa desenvolveu essa doença o mais certo é as suas próprias células estaminais acabarem eventualmente por evoluir para esse mesmo estado de doença. Claro que há casos em que é possível usar as células estaminais para curar a própria pessoa. Já aconteceu e voltará a acontecer, é certo. Mas será que a probabilidade é assim tão elevada ao ponto de justificar o investimento? Os bancos privados e muitas outras pessoas dirão que sim. Trata-se de uma vida, da vida de um filho. Que pais não fariam de tudo para salvar um filho? Ditas as coisas nestes termos faz parecer que todos os pais que optam por não fazer a recolha em bancos privados são uns maus pais...

A dada altura durante a gravidez eu e o meu marido também nos confrontámos com este dilema. Fazemos ou não fazemos? À equação adicionamos outra variável: o banco público. Procurámos ficar mais esclarecidos e recolher informações e opiniões junto de várias pessoas, incluindo pessoas ligadas à saúde tais como médicos. Optámos pelo banco público.

Muitas pessoas provavelmente nunca sequer ouviram falar no banco público de células estaminais do cordão umbilical. À semelhança do banco existente de médula óssea, que é impossível haver alguém que não conheça, o banco público de células estaminais é isso mesmo, público. Isto significa que as células que lá se encontram guardadas não são propriedade única e exclusiva de quem as doou, mas sim de toda a gente. E o que é que isto pode implicar? Implica, por exemplo, que um dia o meu filho precise das "suas" células e elas já não se encontrem disponíveis porque foram usadas para tratar outra pessoa. Mas implica também que se um dia o meu filho precisar, existe um vasto leque de células que ele pode usar, e em muitos casos as células de outras pessoas serão mais eficazes que as próprias.

Se toda a gente, e repito toda a gente, pensasse não só no seu próprio bem mas no bem geral, e se todos doassem as células estaminais ao banco público, a quantidade de células armazenadas seria tão grande, que seria altamente improvável que uma pessoa doente não tivesse células a que recorrer.

Os dadores de sangue guardam o seu sangue para que possa ser usado só em si em caso de necessidade, ou doam-no no verdadeiro sentido da palavra para que possa ajudar outras pessoas? E os dadores de médula óssea?

Uma coisa que faz a grande diferença entre estes dois casos e o das células estaminais tem um só nome: bebé. Uma mulher grávida e o futuro pai, regra geral, imaginam o bebé que vai nascer como um bebé perfeitinho, saudável, querido, fofo, bonito. Desejam que seja um bebé feliz durante toda a sua vida e sabem desde muito cedo que farão qualquer coisa por ele. Portanto, haverá maneira mais eficaz de convencer alguém a recorrer aos bancos privados, do que dizer que com esse ato podem um dia salvar a vida de um filho?

Eu não quero com isto convencer ninguém de coisa alguma. Esta é só a minha opinião sobre o assunto. Quem decide fazer uso dos bancos privados está no seu pleno de direito, mas não sei se em todos os casos as pessoas estão devidamente informadas, quer seja pela qualidade / quantidade de amostra recolhida necessária para que um dia o seu uso seja válido, quer seja da existência de um banco público, ... Se as pessoas estiverem devidamente informadas e mesmo assim optarem pelos bancos privados, é uma escolha delas e ninguém se deve meter. Cada um sabe o melhor para si e para os seus filhos.

Para terminar deixo aqui a ligação para Tens um mano na tua barriga?, um dos melhores textos que alguma vez li que abordam este assunto.
E ainda o excerto de um comentário que alguém fez a esse mesmo texto:
Tenho pena, muita pena que as empresas de criopreservação consigam vender verdades do 1%. Não falo de cor, sou profissional na área da ciência. Tenho uma filha de quase 10 meses. Doei as células estaminais ao banco público. Porque é a melhor opção e destino a dar a algo tão precioso. Sim, posso ter o infortúnio de a minha filha precisar dos 1% que as dela lhe poderiam servir. Mas se o infortúnio me bater à porta na forma dos 99%, irei agradecer do fundo do coração as células que outros doaram.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Só para manter a tradição?

Ora aqui vem a continuação ao Quem é que mais adoras?.

Uma das situações mais recentes em que fui confrontada com as questões da igreja, se bem que de um modo indireto mas que no fundo tudo tinha a ver comigo, foi quando me casei. O nosso casamento foi pelo civil, mas houve vozes de crítica a isso. Houve quem tentasse que mudássemos de opinião e fizéssemos um casamento católico. E o pior de tudo foi o modo como essa pressão foi feita e os motivos por que foi feita... O método usado para pressionar foi à base de chantagem emocional. Sempre que essa pessoa falava sobre esse assunto, chorava. E uma das razões que invocava era o que as pessoas iam pensar. Esta situação não foi nada fácil de gerir para o meu marido, já que era com ele que falavam sobre isto. Uma fase das nossas vidas que devia ser marcada pela felicidade e união, pelo gosto e pelo querer em organizar tudo bem para que tudo corresse exatamente como desejávamos, acabou por ser algo atribulada por causa desse conflito. Ainda hoje não consigo aceitar que essa situação tenha ocorrido, mas pronto, pelo menos são águas passadas.

Mas agora uma nova fase complicada se aproxima. Na realidade já se iniciou. O não batizado do nosso filho... Ele está quase a fazer 1 ano e até agora nunca ninguém nos ouviu falar em batizado. No outro dia a minha avó telefonou-me e veio-me com esta questão. E eu que achava que ela já tinha mudado, uma vez que ela não fez nenhum bicho de sete cabeças do facto de não me ter casado pela igreja. Na verdade, ainda nem sequer falávamos em casamento, e uma vez ela disse-me que não interessava como eu ia fazer, se me ia juntar, casar ou fazer como fizesse. Que o que importava é que eu fosse feliz. Mas agora voltou a puxar do assunto. Tentei explicar-lhe que nós não o vamos batizar porque não acreditamos nisso. Que se um dia ele quiser até lhe faço uma festa, mas que não vai ser por nossa iniciativa. Claro que ela ficou triste e acabou a conversa a dizer que sem as bases dificilmente ele um dia vai querer, mas que pode ser que sim, que ela vai rezar muito por isso...

Em relação a este assunto, tal como já foi em relação ao casamento, é muito simples. Eu não faço de conta. Não acredito em deus nem em nada da igreja e o meu marido também não. Então porque razão nos haveríamos de casar pela igreja e de batizar os nossos filhos? Só para manter a tradição? É que há muito boa gente que o faz. Que se casa pela igreja e batiza os filhos com um sorriso nos lábios só para parecer bem, só para manter a tradição. E se me pedirem para participar nesses eventos eu participo de boa vontade. Se as pessoas estão felizes dessa maneira (mesmo que seja principalmente pelas aparências), então a mim como amiga ou familiar só me cabe respeitar essa decisão e estar presente para testemunhar dessa felicidade. Pelo menos é assim que eu penso.

Mas na minha vida mando eu. E na nossa vida mandamos eu e o meu marido. E não me venham cá com conversas, mas se não podemos ser nós a decidir como queremos viver a nossa vida então mais vale amarrarem-nos uns fios às mãos e aos pés e decidirem o nosso destino como se marionetas fôssemos.

Cá em casa o nosso filho não nos vai ouvir falar em deus. São as tais bases que a minha avó diz que lhe vão faltar. Mas eu não sou tapadinha. Vivemos num país católico e por isso as manifestações de religião estão em todo o lado. A menos que o prenda em casa toda a vida sem acesso a televisão, rádio e internet, então o meu filho vai ouvir falar nessas coisas. E vou impedir? Não, claro que não. Essas coisas também fazem parte da nossa cultura, da história do nosso povo, para o bem e para o mal. Se ele neste natal que passou fosse mais crescidinho, de certeza que um dia tinha chegado a casa a perguntar coisas sobre deus, porque no infantário fizeram uma festa de natal e naturalmente houve um presépio e alusão ao natal cristão. E ele vai crescer rodeado por outras pessoas, por outros miúdos. A única coisa que posso esperar é que ele não seja influenciado e que construa as suas próprias opiniões e crenças. Se assim for, mesmo que acabe por se tornar numa opinião diferente da minha, então tudo bem.
 
Algures no texto disse que não faço de conta. Fi-lo durante muitos anos ao ir à missa, à catequese, ao levantar-me cedo nos domingos de páscoa para fazer de conta que dava um beijo na cruz. Tudo isso acabou quando finalmente decidi confrontar a minha mãe (e depois a minha avó) dizendo que não acreditava em nada daquilo. E foi um peso enorme que saiu de cima de mim. Mas entretanto já tive de fazer de conta uma vez. Foi na primeira páscoa depois de nos casarmos. Fomos passá-la a casa de uns tios do meu marido. Quando estávamos a ir para lá eu disse-lhe que eu não ia fazer de conta que ia dar um beijo na cruz. Expliquei-lhe que já há muitos anos que não fazia isso em minha casa e que portanto para mim não fazia sentido que se não o fazia pela mãe e pela minha avó, então não o ia fazer por outras pessoas. Disse-lhe que era melhor ele "avisar" a mãe antes e disse-lhe até que se ele quisesse no momento em que o compasso chegasse eu podia fazer de conta que tinha de ir a correr para a casa de banho... O compasso chegou inesperadamente. Quando dei conta já estavam a subir as escadas da casa e toda a gente foi a correr da cozinha para a sala. O meu marido ficou a olhar para mim como que a dizer "que vais fazer?". A mãe dele percebeu que algo se passava porque também olhou para mim. E naquele momento percebi que estava prestes a fazer de conta outra vez na minha vida. Não pela minha mãe. Não pela minha avó. Muito menos pela minha sogra ou pelos tios do meu marido. Estava prestes a fazer de conta outra vez pelo meu marido. E lá fui eu. Tentei encarnar o espírito da coisa. Já que estava ali ao menos ia tentar não estar de "trombas". Mas acho que não consegui disfarçar muito bem. Seja como for isso era irrelevante para todas as outras pessoas. Eu estava lá e isso é que interessava. Ninguém tinha de ficar mal visto, ninguém tinha de fazer má figura por causa de mim. Lá dei um beijo no ar sempre a recuar, porque quem estava a segurar na cruz teimava em tentar chegá-la para mim (e nunca vi um propagador de doenças tão eficaz como uma cruz que anda de boca em boca a ser beijada por todos). Disseram para lá umas coisas, atiraram água para o ar, receberam um envelope com dinheiro (!?) e foram embora. Melhor que isso, aquela situação horrorosa onde estava de novo metida estava terminada.

Ainda não voltei a passar pelo mesmo. Na páscoa seguinte fomos a casa dos meus pais e lá não sou obrigada. No ano passado passámo-la em nossa casa com os meus sogros e portanto como era a nossa casa não foi lá o compasso. Este ano, em princípio, deve ser novamente com os meus pais, por isso estou livre por mais um ano.

Mas esta situação vai acontecer de novo. E não sei como, mas não vou voltar a fazer de conta. Até porque quando o fiz ainda não tínhamos filhos. Agora já temos um. E eu não lhe quero passar a imagem do fazer de conta. Onde é que estava a coerência em afirmar que não acredito em deus e em nada dessas coisas e depois perante outras pessoas agir como se acreditasse? Que para mim a páscoa e o natal são apenas festas para estar com a família, para fazer uma árvore e dar prendas, para comer doces, chocolates e ter um ovo da páscoa, e na presença de outras pessoas agir como se para mim também fossem festas católicas? Não, não vou fazer de conta. Já não é tanto por mim, mas é mais pelo meu filho. Se eu afirmo uma coisa então tenho que me manter fiel a essa afirmação, não vou andar a alterar o meu comportamento e ser diferente daquilo que acredito perante determinadas pessoas. Não faz o menor sentido e não quero que o meu filho aprenda e cresça a ser assim. Quero que ele aprenda a criar as suas próprias opiniões e quero que se sinta sempre no direito de viver segundo elas e não segundo as aparências.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Quem é que mais adoras?

Lembro-me como se tivesse sido hoje e no entanto já se passaram muitos e muitos anos. Era então apenas uma miúda, uma criança cuja preocupação mor era brincar até não poder mais :)

Fui educada no sentido de ser católica praticante, daquelas que vão à missa todos os domingos. Andei na catequese o tempo todo. Fiz todas as comunhões. A minha mãe assim entendeu que devia ser, até porque ela nasceu numa família de forte devoção. Já o meu pai, apesar de ter sido também criado nesse sentido (apesar de com menos "intensidade"), por altura do meu nascimento já não era praticante e no que dizia respeito a essa parte da minha educação sempre se absteve, nunca me forçando a tomar qualquer direção.

Imagino que tendo sido eu uma criança e uma adolescente pouco ou nada problemática, sempre muito certinha e fiel aos meus "compromissos" divinos, que tenha sido um choque quando um dia disse, já depois de finalmente ter feito a última comunhão possível, que não voltava a ir à missa. A minha mãe falou comigo várias vezes. A minha avó também. Sempre me tentaram demover e convencer a voltar. Mas eu estava determinada e convicta do que queria e do que acreditava, ou melhor, do que não queria e do que em que não acreditava. Passado uns tempos as conversas sobre o assunto terminaram e finalmente aceitaram.

Mas as confrontações sobre o facto de eu não acreditar em deus, ou num deus, não ficaram por aqui e já mais do que uma vez, ao longo da vida, elas voltaram. Muitas vezes por parte de amigos.

Sabem uma coisa? O que eu sempre quis em relação a este assunto, que eu sei que é delicado e complicado de gerir (acreditem que sei isso!), é que me respeitem. Apesar de me terem "chateado" muitas vezes com isto, de me terem tentado mudar a opinião e de até me terem criticado, eu nunca, mas mesmo nunca fiz o contrário. Nunca tentei convencer um crente a deixar de acreditar. Nunca tentei convencer ninguém a deixar de ir à missa. Nunca critiquei ninguém por acreditar em deus.

Eu acredito sobretudo na ciência, acredito sobretudo que não devemos deixar de procurar respostas para os mistérios ainda por desvendar. E como tal, no meu entender, isso também significa que até prova em contrário qualquer hipótese será válida. Se alguém me disser "o meu gato foi o criador do universo" eu vou pensar, tal como praticamente qualquer pessoa pensaria, "não estás bom da cabeça", no entanto, posso provar que não é verdade? Eu sei que este é um exemplo um bocado idiota :) mas é só para deixar claro o meu ponto de vista. A ciência baseia-se em factos e considera verdade tudo aquilo que consegue provar. Do mesmo modo, considera como impossível ou como mentira aquilo que consegue provar como o sendo. Portanto, a bem dizer, a hipótese de que existe um deus (ou vários, depende da religião) não pode estar afastada pela ciência enquanto a ciência não provar que deus não existe. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas.

Eu não acredito que deus exista. Não acredito que houve uma entidade superior que nos transcende que criou tudo o que existe. E ainda bem que não acredito, ainda bem que há mais pessoas como eu e ainda bem que as há desde sempre. Se assim não fosse, ainda hoje vivíamos atormentados sempre que houvesse trovoadas pois seriam um castigo dos deuses...

Mas como em tudo tem de haver equilíbrio e nesta matéria acho que vai haver sempre pessoas que não acreditam e pessoas que acreditam. Pessoas que procuram outras respostas para os mistérios e pessoas que se contentam com uma resposta simples, mesmo que não a compreendam. E por este motivo e pelo facto de que eu sou uma pessoa que se preocupa em promover o respeito, nunca critiquei ninguém só porque tem uma opinião diferente da minha nem nunca tentei convencer ninguém a mudar de lado. E o que me deixa triste é que já fizeram isso tudo comigo, várias vezes. Não acho que a minha maneira de ver as coisas seja a correta e que a maneira das outras pessoas seja a errada. Então porque razão as outras pessoas se acham no direito de considerar a sua forma de ver mais válida do que a minha? É apenas a minha opinião e vale o que vale. Para mim vale muito, para os outros pode não valer nada. E com isso posso eu bem.

O engraçado nisto tudo é que eu sei que há pessoas que pensam que fui influenciada pelo meu pai. Não podiam estar mais erradas. Como já referi, enquanto que o lado da minha mãe me puxava para um sentido, o meu pai não me puxava para nenhum. Em vez disso promovia que eu pensasse por mim e estou-lhe muito grata por isso, pois desde muito cedo que eu comecei a formular as minhas opiniões sobre os mais variados assuntos. Sempre me interroguei sobre o universo ser ou não inifinito e formulava as minhas próprias teorias. Queria saber o que é um arco-íris e porque motivo é em arco. Queria perceber o que era a lua e porque não era sempre do mesmo tamanho e forma. E no que diz respeito à religião pensava muitas vezes que não conseguia perceber como é que podia existir um deus que tinha criado tudo.

O maior contacto que tinha com a religião era na catequese e na missa. Quando era pequenina essas duas horas por semana eram para mim um verdadeiro desperdício. Para quê estar ali sentada a fazer de conta que ouvia falar, quando podia estar a brincar ou a ver desenhos animados? À medida que fui crescendo a noção de desperdício manteve-se, mas decidi que ia começar a ouvir o que o padre dizia para perceber se havia algum sentido naquelas palavras. E foi então que a minha verdadeira aversão à igreja começou. Muito sinceramente não acredito que haja alguém que após meia dúzia de vezes com o máximo de atenção a tudo o que se diz numa missa, continue a ir. Para começar há uma série de coisas que se dizem durante a missa que se contradizem e vão contra alguns dos seus próprios princípios. Depois, aquele monólogo do padre durante 15 ou 20 minutos pode ser um verdadeiro tesourinho deprimente. Não me lembro do assunto que foi, mas lembro-me de uma vez estar na missa e de sentir uma revolta enorme pelo que o padre estava a dizer. Ele estava a comentar um assunto qualquer atual. Eu não concordava em nada com a opinião dele, mas o meu problema não era esse. O meu problema era a forma como ele estava a colocar a questão e a forma como estava a falar dela. Eu tinha a capacidade de pensar por mim e não me deixar influenciar, mas lembro-me de olhar à volta e de ver toda a gente muito concentrada e a absorver tudo tão avidamente, que era quase certo que a partir daquele momento a opinião de todas aquelas pessoas sobre aquele assunto seria a mesma, e coincidente com o que o padre estava a dizer. E acho isso extremamente perigoso. A capacidade que um padre tem de influenciar e moldar a mentalidade e a opinião dos seus fiéis.

Aqui ficam alguns exemplos ridículos de coisas que se dizem durante a missa e de coisas que se "ensinam" aos miúdos.
  • "Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salva". Então, mas eu pensava que segundo a igreja somos todos iguais. Jesus não decidiu nascer pobre para mostrar que não é mais do que os outros, que é humilde? Se assim fosse, porque razão alguém não seria digno de ter jesus na sua morada?
  • Aquela história fabulosa em que deus pergunta não sei a quem se o adora. Ele responde que sim. E deus diz que para o provar tem de matar o filho. Então ele vai matar o filho e mesmo em cima do acontecimento deus aparece, impede-o e diz que acredita que ele o adora. Esta é provavelmente a coisa mais idiota que pode haver em toda a bíblia ou onde quer que seja que esta história aparece. Alguém que me fizesse esse ultimato e eu nunca mais queria ver essa pessoa à minha frente. Mas alguém no seu perfeito juízo diria a uma pessoa que para provar que o adora teria de matar alguém, o seu próprio filho? Só mesmo alguém que não gostasse dessa pessoa, alguém com um pensamento muito macabro provavelmente com tendências psicopáticas. Desculpem se neste ponto em concreto não consigo ter uma mente aberta e aceitar que haja quem veja nesta história uma grande prova de amor (do pai que ia matar o filho por deus, de deus que não deixou o pai matar o filho por ele).
A minha escrita sobre este assunto já vai longa e sinto que me perdi e dispersei. Voltarei a ele noutra altura até porque ainda gostaria de falar de outras coisas. Mas antes de terminar queria dizer que não guardo rancor nem à minha mãe nem à minha avó. Não gosto menos delas só porque numa dada altura da minha vida insistiram demasiado comigo sobre este assunto. Na verdade gosto na mesma, é impossível não gostar. Eu sei que elas acreditavam que estavam a fazer o que era melhor para mim. Acreditam profundamente na religião cristã e gostando de mim queriam o melhor para mim, e como tal, para elas, eu ser cristã, uma católica praticante, uma crente, seria uma coisa positiva na minha vida.

Mas a realidade, e aqui está um pouco a ironia da coisa, é que sem saber a minha avó foi provavelmente a alavanca que despoletou em mim muito cedo uma certa aversão à igreja e a ser católica. Lembro-me como se tivesse sido hoje e no entanto já se passaram muitos e muitos anos. Era então apenas uma miúda, uma criança cuja preocupação mor era brincar até não poder mais :) Não sei que idade tinha. 5? 6? Por ai. Era fim do dia e devia ser outono. Ainda não era hora do jantar, mas quase, porque fui à minha avó buscar qualquer coisa que a minha mãe me pediu para o jantar. Ainda não era de noite, mas já estava a ficar um pouco escuro. Quando já estava a ir embora de volta para casa, a minha avó chamou-me e ali no corredor, junto à porta de saída, fez-me a seguinte pergunta "quem é que mais adoras?". Fiquei parada a olhar para ela a pensar que a pergunta não fazia sentido. Que era óbvio que gostava da minha mãe e do meu pai e foi isso que respondi "a mamã e o papá". "Não", disse ela, "tem de ser só uma pessoa". Naquele momento estava já a detestar aquela conversa e só me queria ir embora. Pensava que não podia ser, eu não gostava mais da minha mãe ou do meu pai, gostava dos dois igual e não queria escolher um deles. Pior que isso não gostava que a minha avó me estivesse a obrigar a escolher um deles e que me estivesse a fazer sentir daquela maneira. Só me queria embora, como já disse, e então respondi "a mamã" pois sendo ela a mãe da minha mãe pensei que era isso que ela queria ouvir e assim a conversa acabava depressa. "Não, não é a mamã". E então prontamente respondi "o papá", pois se a resposta certa não era a minha mãe, então só podia ser o meu pai. "Não, também não é o papá". Naquele momento estive quase para me ir embora . Não podia acreditar que a minha avó depois de me ter obrigado a "escolher" entre a minha mãe e o meu pai, tenha decidido ela quem são as pessoas que mais adoro ou, neste caso, que eu não mais adoro. Acabei por dizer "a ti", pensando que era isso que ela queria ouvir. A resposta dela foi "a deus". Acho que soltei um "ah!" e fui-me embora completamente baralhada das ideias sem perceber porque é que a minha avó queria ser ela a decidir de quem eu gostava mais, e porque é que eu tinha de gostar mais de deus do que dos meus próprios pais. E já agora, "quem é deus? nunca o vi! como posso gostar mais dele do que dos meus pais?". Depois desta conversa passei ao máximo a evitar estar sozinha com a minha avó, para não correr o risco de ela voltar a vir com conversas deste género. Dizem-me que eu era muito chegada à minha avó e que a partir de certa altura me comecei a afastar. Não sei se foi por causa disto, mas muito sinceramente acredito que sim. Eu era apenas uma criança, queria lá saber de questões filosóficas, existenciais ou de crenças com base em fé e coisas do género. Queria era brincar, gostar dos meus pais e não ter de me preocupar com coisas que não eram para a minha idade. E sobretudo, queria ser eu a decidir de quem é que eu mais gosto. E foi isso que fiz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Orquestra da Vida

Excerto de um texto datado de 2003 no âmbito de um trabalho por mim realizado, nas áreas da informática e da biologia.
A biologia é uma ciência com muito ainda por descobrir e não se resume ao estudo da vida tal e qual a vemos. Estuda os mecanismos da vida e tenta compreendê-los de uma forma tão pormenorizada como um maestro estuda uma pauta de música, porque ao passo que um músico de uma orquestra só tem que compreender a música no que diz respeito ao seu papel, isto é, ao instrumento que vai tocar, o maestro tem que compreendê-la como um todo e saber exactamente qual o papel e a importância de cada instrumento. E um maestro só é bom a dirigir uma orquestra quando compreende a música para além da pauta que a define. Do mesmo modo se um biólogo quiser ser bom a dirigir a orquestra da vida terá que perceber cada instrumento (cada ser vivo), cada pauta (os genomas dos diferentes seres vivos), cada nota (cada letra da infindável sequência de ATCG's) e, sobretudo, tem que entender o que resulta da interacção disso tudo (a VIDA).

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Pontapés no português

Há dias escrevi sobre os fostes, comestes, fizestes e na altura disse que talvez um dia viesse falar sobre aqueles que já foram os meus erros mais comuns na língua portuguesa. Pois bem, hoje é o dia.


Como se diz (e escreve) 200 gramas de fiambre?
Quando era miúda dizia frequentemente duzentas gramas de fiambre. Mas após ter sido tantas vezes chamada a atenção pelos meus pais, lá corrigi para duzentos. Eu compreendo que neste caso seja complicado para muita gente dizer corretamente. A palavra grama termina em "a" logo intuitivamente pensa-se ser uma palavra do género feminino e por isso 200, ao estar em concordância, deve ser dito duzentas. Só que a palavra grama é uma palavra homónima, isto é, diz-se e escreve-se da mesma maneira, mas tem dois significados diferentes. 

Por exemplo, a  palavra canto. "Enquanto me sento no canto do sofá, escuto com atenção o canto do pássaro."

Com grama acontece exatamente o mesmo, mas com a particularidade de que o género da palavra também difere. Como podem ver no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa a palavra grama assume vários significados, sendo que enquanto unidade de medida (peso) é um substantivo masculino, logo o correto é dizer-se duzentos gramas e não duzentas gramas.


Como se escreve? Amaste ou amas-te?
Ora aqui está um erro MUITO comum nos dias que correm (e que se difunde largamente pelas redes sociais) e que também eu dava quando era nova. Para mim era complicado saber a forma correta de escrever nestes casos, mas acabei por desenvolver um método infalível. Vou tentar explicá-lo aqui, mas não sei se é fácil, pois é um método "sonoro", baseado na forma como a palavra soa. Experimentem dizer as duas palavras dizendo "tracinho" pelo meio, ou seja, para cada uma delas digam "amas tracinho te". Usando como exemplo as duas frases a seguir, é óbvio que a sonoridade da palavra é diferente nos dois casos, certo? Então usando a sonoridade correta digam "amas tracinho te". Numa delas, na primeira, a palavra "amas" é uma palavra que existe, certo? Mas no 2º caso isso já não se verifica, o "amas" dito com a sonoridade correta é uma palavra que não existe. Então o truque está em usar o hífen quando a palavra antes do "tracinho" é uma palavra que existe, dita com a sonoridade correta para esse caso, e não usar o hífen quando a sonoridade correta transforma a palavra antes do tracinho, numa palavra que não existe. Espero que tenham compreendido, porque realmente este método não falha.
  1. "Tu amaste / amas-te muito a ti mesmo, não amas?"
  2. "Quantas pessoas já amaste / amas-te na vida?"


Descobrir ou descubrir?
Para esta não consigo encontrar explicação, só sei que houve uma altura em que não sei porquê achava que se escrevia descubrir em vez de descobrir. E a verdade é que mesmo sendo chamada à atenção para isso, da vez seguinte lá dava o mesmo erro. Demorei a atinar :)


À ou há?
Este erro já é muito antigo, mas nos dias que correm é um dos mais praticados por toda a gente (até nos meios de comunicação social!). É muito fácil de corrigir e não dar este erro. Só é preciso substituir na frase o à / por outra forma do verbo haver, e ver se a frase continua a fazer sentido. Se sim, então deve usar-se o , se não deve usar-se o à. Basicamente a ideia é a de que se se está a fazer referência a algo temporal (1 segundo, 1 hora, 1 dia, 1 mês, 1 ano, 1 século, o que seja), então tem de se usar o verbo haver. Simples, não é?

Vamos ver duas frases de exemplo.
  1. À / muito tempo, numa terra distante, ...
  2. Vou à /   farmácia comprar um medicamento.
Substituindo agora em cada uma delas por outra forma do verbo haver.
  1. Havia muito tempo, numa terra distante, ...
  2. Vou haver / havia / ... farmácia comprar um medicamento.
Na primeira é claro que há uma referência temporal logo a forma correta é o . Já na segunda isso não acontece, logo deve ser usado o à. Por exemplo, na segunda, poderia dizer-se antes assim "Vou a uma farmácia comprar um medicamento", está a haver referência a um local e não a um tempo.


Acentuação / sílaba tónica
Muitas vezes tem-se dificuldade em saber onde colocar o acento numa palavra. Antes de mais tem de se saber que o acento deve estar na última, penúltima ou antepenúltima sílaba da palavra, sendo que essa sílaba deve ser a sílaba tónica. Assim, uma forma, é determinar qual é a sílaba tónia, pois se a palavra for acentuada o acento é colocado nela. Eu uso a técnica infalível, que me foi ensinada na escola primária (atual primeiro ciclo do ensino básico) e da qual nunca mais me esqueci, que é a de "chamar pela palavra". Por exemplo, se formos a andar na rua, virmos um amigo nosso do outro lado do passeio e o quisermos chamar, falamos um pouco alto e pronunciamos bem a palavra, certo? Experimentem chamar pela Beatriz, pelo António e pelo Guilherme. Em cada um dos 3 casos tenham atenção em que sílaba se demoraram mais. Na Beatriz foi na "triz", no António foi na "tó" e no Guilherme foi na "lher". Pois bem, estas são as sílabas tónicas de cada uma das palavras. Este "truque" funciona para qualquer palavra. Se quiserem saber qual é a sílaba tónica (e como se acentua) das palavras imcompetente, concordância, árvore, hipopótamo..., só precisam de chamar por ela e logo a "dúvida" fica esclarecida.


Artigos relacionados


[NOTA: Nos exemplos dados, a azul está a forma correta; a vermelho a errada.]

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

6 litros

Há já algum tempo alguém teve a ideia peregrina de diminuir a altura das tampas das garrafas e garrafões de água. É só a mim que acontece ou a dificuldade em rodar e tirar a tampa é geral? Mas como se isto não bastasse, acabaram por chegar os garrafões de 6 litros. Haverá alguém que prefere os garrafões de água de 6 litros aos de 5 litros?

O engraçado nisto, tal como em todas as outras coisas, é que os custos para "eles" diminuiram, já que é preciso menos plástico para fabricar as tampas (e arrisco-me a dizer que o aumento no tamanho do garrafão também "lhes" é mais vantajoso), mas o preço para nós aumentou (pelo menos numa marca o preço por litro aumentou na passagem dos garrafões de 5 litros para os de 6).

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fostes, comestes, fizestes

"Tu ontem fostes trabalhar?"
"Já comestes algum prato japonês?"
"Não me digas que já fizestes asneira!"
"Andastes sempre com o gorro?"

E, etc, etc, etc, ...
Até há uns anos pensava que "só" as pessoas menos instruídas davam este pontapé na língua portuguesa, mas a realidade é que não é isso que se passa. Pessoas com formação, incluindo formação superior, falam assim. Gostava de perceber como é que esta moda começou. Diz-se que se deve cortar o mal pela raíz. Talvez fosse possível terminar com este disparate. Mas será que quem fala assim acha que é giro ou chique? Ou pior, acha que é o correto? Esta "variação" ocorre no tempo verbal pretérito perfeito, ou seja, no passado, na 2ª pessoa do singular.

Vamos ver como se conjuga corretamente alguns verbos neste tempo verbal.

Fazer
Eu fiz
Tu fizeste
Ele fez
Nós fizemos
Vós fizestes
Eles fizeram 

Comer
Eu comi
Tu comeste
Ele comeu
Nós comemos
Vós comestes
Eles comeram

E agora os mesmo verbos, mas mal conjugados.

Fazer
Eu fiz
Tu fizestes
Ele fez
Nós fizemos
Vós fizestes - arrisco-me a dizer que dizem fizesteis
Eles fizeram 

Comer
Eu comi
Tu comestes
Ele comeu
Nós comemos
Vós comestes - arrisco-me a dizer que dizem comesteis
Eles comeram

Durante muito tempo esta questão e outras semelhantes de erros frequentemente dados na língua portuguesa, não me incomodavam por ai além. Sabia que as pessoas estavam a falar de forma errada, mas isso acabava por ser um bocado indiferente. Mas à medida que o tempo foi passando e ouvia mais e cada vez mais erros deste género, comecei a "não gostar". E mais recentemente comecei mesmo a ficar algo aterrorizada com a ideia de que o meu filho cresça a ouvir falar desta maneira, e também ele acabe por falar assim.

Como verão, sou algo fanática com a ideia de que se deve falar e escrever português corretamente. Acho mesmo que pouco vale que um engenheiro faça uma ponte fantástica, por exemplo, se depois dá erros atrás de erros quando fala ou escreve em português. Para mim é tão básico quanto isto: o português é a nossa língua, é algo que aprendemos desde muito pequeninos e se não sabemos fazer um uso correto dela, como convencemos alguém de que dominamos outra matéria que apenas estudámos durante meia dúzia de anos? 

Quero fazer a ressalva que também eu, de tempos a tempos, lá dou as minhas calinadas. Ninguém é perfeito e nem mesmo eu, que procuro a perfeição no português falado e escrito, estou livre de erros. Mas tenho o cuidado de ir aprendendo e de evitar dar os mesmos erros. Talvez de uma próxima vez escreva sobre aqueles que já foram os meus erros mais comuns e sobre quais são os atuais (principalmente agora com o acordo ortográfico de certeza que até este texto não está livre de erros).

Quanto a vocês, dos que estão a ler e que usam sistematicamente o tu fostes, tu fizestes, tu comestes, parem para se ouvir a vós mesmos. É que não é nada bonito nem chique falar assim. Fica feio, soa mal. E se estiverem para ai virados, comecem hoje mesmo a fazer um esforço consciente para passar a dizer tu foste, tu fizeste, tu comeste.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vestir a camisola!?

Um dia disseram-me assim: "de vez em quando também é preciso vestir a camisola da empresa". E eu respondi: "e quando é que a empresa veste a camisola por mim?".

São muitas as pessoas que se queixam das suas condições de trabalho ou manifestam o seu desagrado em relação às mesmas, principalmente quando falamos em horas extraordinárias (normalmente não pagas) ou "imposição" em trabalhar fora de horas. Hoje em dia esta situação tornou-se recorrente e, pior que isso, normal. Normal não só para os empregadores, mas também para os funcionários. E para mim, pior que um patrão assumir que um funcionário seu fica a trabalhar até mais tarde o tempo que for preciso (sem ser recompensando por isso), é um funcionário fazê-lo por sugestão ou iniciativa própria.

No meu grupo de amigos e conhecidos tenho vários exemplos destes, pessoas que "não se importam", aqui e ali (mesmo que o "aqui e ali" se tornem algo frequentes) em trabalhar até mais tarde ou em feriados ou fins-de-semana. Um dos comentários que já me fizeram foi o que já referi: "de vez em quando também é preciso vestir a camisola da empresa". Outro, que acho extraordinariamente delirante, é: "lá na empresa é fácil de ver quem trabalha e quem não trabalha; quem sai à hora não trabalha; quem fica até mais tarde 1 ou 2 horas é quem trabalha". Este último comentário é, na minha opinião, extremamente perigoso. Perigoso no sentido em que se por vezes já não há um verdadeiro respeito pelos horários e pela vida pessoal dos funcionários por parte dos seus patrões, se houver funcionários que têm este tipo de pensamento então o caldo está completamente entornado.

No meu grupo de amigos e conhecidos a minha maneira de ver esta questão é rara. Devo ser das poucas (senão mesmo a única) a ter uma posição contrária à da maioria. Neste momento estou desempregada, motivado por questões pessoais que me fizeram mudar de cidade, mas no meu anterior emprego, no qual permaneci perto de 6 anos, a minha posição esteve sempre bem clara e não me lembro de nenhuma vez ter de ter dito "não, eu não faço horas extra e não, não trabalho mais do que aquilo para que sou paga nem venho trabalhar em feriados e fins-de-semana". Mas se nunca precisei de o afirmar tão claramente, como é que a minha posição estava tão afincadamente assente? Muito simplesmente com a minha atitude desde o meu primeiro dia de trabalho. Houve no outro dia uma pessoa, numa conversa entre amigos de certo modo relacionada com este assunto, que disse "tens de educá-los desde pequeninos", e vendo bem foi isso mesmo que eu fiz. Não vou mentir, não vou dizer que foi fácil manter esta postura durante 6 anos livre de comentários (mesmo que ocultos), olhares ou pensamentos recriminatórios por parte de outras pessoas da empresa, mesmo funcionários tão funcionários quanto eu. Mas nada disso me demoveu. Sou apologista de que tem de haver equilíbrio e a minha vida dificilmente estaria equilibrada se a parte pessoal dela ficasse completamente posta de parte.

A minha atitude no emprego sempre foi a de cumprir diariamente as 8 horas para que era paga. Para isso, via a que horas chegava, via quanto tempo demorava a almoçar (já que tinha direiro a 1 hora e muitas vezes demorávamos bem menos que isso) e após as continhas determinava a hora de saída. Sempre com a preocupação de cumprir as 8 horas, nem menos, mas também não mais (se os patrões são rígidos para o "menos" - e bem! - eu sou rígida para o "mais").

Se nunca trabalhei num dia mais do que 8 horas? Sim, claro que sim, claro que isso aconteceu. A maioria das vezes foi por decisão minha, por estar a terminar alguma coisa e preferir ficar, por exemplo, mais 20 minutos do que no dia seguinte ser-me mais complicado recomeçar a tarefa que tinha deixado inacabada no dia anterior. Outras vezes foi por pedido e dessas vezes notava sempre no patrão alguma dificuldade em mo pedir, lá está, por saber exatamente qual era a minha posição. E dessas vezes, principalmente por querer deixar bem claro que o meu ponto de vista se mantinha, aceitava, mas com "cara de poucos amigos", mostrando sem problemas que não me agradava. Nunca trabalhei num feriado nem num fim-de-semama e se não me engano nunca estive mais de 1 hora a mais a trabalhar. E em 6 anos posso dizer que isso foi tão raro que provavelmente uma mão, vá, duas mãos chegam para contar o número de vezes.

Como já referi não foi fácil conseguir e manter isso, e o motivo principal era a atitude dos restantes colegas de trabalho. A empresa onde trabalhava é uma empresa pequena com menos de 10 colaboradores (entre funcionários e patrões). Como tal, trabalhávamos (quase) todos no mesmo espaço e por isso era fácil de ver os horários que cada um praticava. Durante muito tempo saíamos todos juntos para almoçar e a partir de certa altura isso começou a revelar-se um problema... Quando o volume de trabalho era mais intenso, notava-se claramente que os patrões apressavam o almoço para mais depressa regressarmos ao trabalho (não digo que o fizessem com o intuito de voltarmos todos rapidamente ao trabalho). Chegámos, por várias vezes, a demorar cerca de 30 minutos entre sair do escritório, andar cerca de 5 minutos até ao local de almoço, almoçar e regressar. E para mim isto era um grande problema, uma vez que para seguir os meus princípios de trabalhar as 8 horas tinha apenas duas soluções: regressar logo ao trabalho ou fazer tempo até voltar a ir trabalhar. No primeiro caso isto podia ser mau, uma vez que o ajuste da hora de saída podia resultar em eu sair "antes do tempo". Por exemplo, se tivesse chegado ao emprego às 9:15 a hora expectável de saída seria às 18:15 (8 horas de trabalho + 1 hora de almoço). No entanto, após o ajuste, sairia às 17:45 quando o horário normal de trabalho na empresa era das 9:00 às 18:00. Aos olhos das restantes pessoas, e principalmente dos patrões, o mais certo era que qualquer saída antes das 18:00 significasse sair antes do tempo, apesar de na verdade as 8 horas contratadas estarem a ser cumpridas. Se por outro lado ficasse a fazer tempo até regressar ao escritório, isso podia dar azo a comentários menos felizes como nos foi feito uma vez, após um dos tais almoços relâmpago, em que eu e outros dois colegas parámos à porta do prédio enquanto os restantes entraram: "então, vocês não sobem?".

Mas a questão do almoço até a considero secundária. Nas alturas em que já estava mais saturada da situação resolvia a questão indo almoçar sozinha. O que mais me "dificultou" foi ter colegas a trabalhar voluntariamente até mais tarde. É a típica "discriminação por comparação". Os outros fazem, porque é que tu não fazes também? Sempre tive noção que as pessoas, leia-se (sobretudo os) patrões, me discriminavam nesse sentido, que não aceitavam bem essa minha posição e maneira de ser, que achavam que eu devia dar mais de mim e contribuir mais. Nunca mo disseram, fosse para me criticar ou simplesmente para mo dizer, mas sempre soube. E tive a confirmação por parte de um deles, com o qual tive uma conversa interessante na altura em que me vim embora da empresa. Disse-me que inicialmente nunca esteve de acordo com o facto de eu ser tão rígida com o horário de trabalho, mas que nos últimos tempos tinha deixado de julgar isso como errado ou certo e que começava a acreditar que eu é que estava certa. Basicamente, que o meu trabalho era eficiente e por isso que mais podiam exigir de mim? E aqui está, julgo eu, o grande segredo, se é que há algum segredo nisto...

Sejam 3, 5 ou 8 as horas contratadas, seguindo os meus princípios as horas de trabalho são para trabalhar. Se não consultava o email de vez em quando respondendo ou enviando emails aqui e ali? Sim, claro que sim. Se quando chegava do almoço não via durante uns minutinhos as notícias na internet? Mais uma vez sim. Agora, em todo o tempo que lá estive nunca usei o msn (sim, ainda sou do tempo do msn :)) e devo ter feito login no facebook uma meia dúzia de vezes. O que é que quero dizer com isto? Quero dizer que eu realmente me preocupava em estar a trabalhar e em concluir as minhas tarefas. Nos quase 6 anos só me fizeram elogios ao meu trabalho, nunca me apontaram uma vírgula que fosse (palavras deles, não minhas) e não acho que tenha havido um projeto que fosse que se tenha atrasado por culpa minha. Sendo assim, se eu fazia o que me competia, que mais podiam exigir de mim? Acho que foi por isto que, sabendo da minha posição em relação a trabalho fora de horas, nunca se sentiram confortáveis em me pedir para trabalhar até mais tarde, porque na realidade não tinham nada a me apontar para o justificar.

A acrescentar a isto tenho noção que esta minha atitude me pode vir a prejudicar. Se há alguém com as mesmas competências que eu que está disposto, pelo mesmo valor, a trabalhar mais tempo, porque razão me contratariam a mim e não a essa pessoa? Mas será que devo mudar para que esses casos não surjam? Acho que não. Acho que não e não quero mudar. Porque isto faz parte daquilo que eu sou e porque realmente acho que é preciso haver uma mudança na mentalidade das pessoas. Na empresa onde estive já consegui mudar um bocadinho a mentalidade das pessoas, nem que tenha sido de só uma, e nem que fosse só por isso valeu a pena o esforço de ser a pessoa com a atitude diferente face aos horários de trabalho. Recentemente vi-me confrontada com esta situação numa entrevista de emprego. Após uma entrevista algo atípica (o entrevistador até era simpático, mas não foi a experiência mais interessante pela qual passei - talvez fale nisso numa próxima vez), o entrevistador concluiu dizendo que a empresa tem estado a crescer muito e que isso se deve à dedicação e empenho dos funcionários. Disse que nas alturas de maior trabalho, de mais stress, é o empenho total dos funcionários que permite que tudo funcione. E concluiu dizendo: "estás a perceber o que quero dizer?". E eu pensei "estou a perceber tão bem, que não fosse o facto de a entrevista não ter corrido grande coisa, eu neste momento já estaria completamente de pé atrás em relação a uma possível carreira aqui".

Se eu nunca vestirei a camisola de uma empresa onde trabalhe? Nunca digas nunca, já alguém dizia, mas acho difícil. Para o começar a considerar primeiro teria de sentir que a empresa também vestiria a camisola por mim. Teria de sentir que o meu esforço seria devidamente recompensado, que realmente valorizavam o que faço com mais do que palavras. Se assim não fosse, quem seriam eles para "roubar horas de vida pessoal a troco de nada"?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Felicidade

Ora aqui está algo que toda a gente procura: a felicidade! Uns com mais sucesso do que outros, mas a verdade é que praticamente toda a nossa existência se baseia em atos e decisões que tomamos com o intuito de sermos mais felizes. Senão vejamos. Porque razão procuramos empregos estáveis e/ou que nos proporcionem boas condições? Porque razão nos apaixonamos? Porque é que desejamos ter filhos? Porque é que jogamos no euromilhões ou porque é que vibramos com um jogo de futebol? Todos estes momentos da nossa vida (e todos os outros) acontecem com fins diferentes, mas no fundo vivemos todas estas coisas porque nos fazem, ou acreditamos que nos fazem, felizes.

Mas e então qual é o caminho para a felicidade? Há alguma fórmula secreta? Porque é que algumas pessoas parecem mais afortunadas e mais felizes enquanto outros parecem ter sido apadrinhados pelo azar? Eu não sei qual é o segredo e sinceramente acho que não há nenhum segredo. Cada um de nós sabe aquilo que nos faz feliz, mas às vezes estamos demasiado distraídos ou demasiado atentos a outras coisas, que nem nos apercebemos que já não precisamos de procurar mais. No entanto, penso que de um modo geral toda a gente pode encontrar a felicidade seguindo uns princípios básicos.

Vou dar o meu exemplo e aquilo que penso. Considero-me uma pessoa minimamente inteligente com um raciocínio lógico bem encadeado. Provavelmente capaz de ter (ou ter tido) sucesso em áreas muito diferentes. Digo-o não só porque realmente acho que sim, mas também porque já várias pessoas mo disseram. Não estou a dizer isto para me vangloriar ou coisa parecida, mas para explicar o que vou dizer de seguida. Apesar das potencialidades que podem existir ou ter existido em mim, acabei o curso superior com um média "assim assim" e o mesmo se passou com o mestrado. Trabalhei durante muito tempo numa empresa onde o meu ordenado era inferior (nalguns casos substancialmente) ao de muitos amigos e colegas de faculdade, alguns deles com as mesmas ou menores capacidades do que eu para desempenhar funções semelhantes. Neste momento encontro-me desempregada, após ter mudado de cidade e de ainda não ter conseguido arranjar um novo emprego, quando, se a memória não me falha, nenhum dos meus amigos e conhecidos da faculdade está na mesma situação. Mas então porque é que o meu percurso tem sido algo "atribulado"? É fácil, tem sido o resultado das escolhas que tenho feito. E essas escolhas, na sua maioria, têm sido feitas com base naquilo que me faz feliz. A primeira delas, sem contar obviamente com a escolha do curso superior, aconteceu na altura de fazer o estágio curricular. Tive a oportunidade de ir para uma empresa que oferecia um estágio bem remunerado (bem - para estágio) para o qual eu fui a primeira escolha, mas acabei por ir para outro, não remunerado e que era numa área totalmente diferente, uma área da qual sempre gostei muito. Por ter feito esse estágio no final acabei por decidir fazer o mestrado para dar continuidade ao trabalho (estamos aqui a falar, claro, de mestrados pré-bolonha). Hoje em dia acredito mesmo que o mestrado foi a maior perda de tempo da minha vida. Só quando o terminei é que comecei a procurar empregro, o meu primeiro emprego. Na altura enviei currículos para várias empresas, mas apenas uma me respondeu com prontidão. Fui à entrevista e apesar de não ter ficado muito impressionada com as instalações e muito menos com o ordenado, adorei o tipo de trabalho que lá era feito pois era numa área que me tinha agradado durante a licenciatura. Fui escolhida para o lugar e como não recebi nenhum contacto de mais nenhuma empresa, acabei por aceitar. Fiquei lá quase 6 anos e nesse tempo claro que muita coisa mudou: a empresa mudou de sítio tendo as condições melhorado substancialmente e fui sendo progressivamente aumentada (mas sem nunca ter chegado aos valores que seriam "justos"). Já se sabe que nenhum emprego é perfeito (mesmo que ao fim do mês o ordenado tenha vários algarismos). Todos têm os seus defeitos e as suas virtudes. E eu lá devo ter visto algumas virtudes que me foram mantendo.

Voltando atrás no tempo, se eu tivesse ido para o tal estágio remunerado a minha vida profissional, muito provavelmente, teria sido diferente. O mais certo era nunca ter feito o mestrado e ter procurado emprego logo no fim da licenciatura. Na altura a empresa para onde fui trabalhar ainda não tinha sido formada, portanto teria ido "forçosamente" para outro sítio. E isso teria sido melhor? Ou teria sido pior? Nem uma coisa nem outra. Teria sido diferente. Acredito que as condições salariais teriam sido melhores ao longo dos anos e que teria aprendido mais. Mas provavelmente também teria encontrado algumas desvantagens. A empresa onde trabalhei era uma empresa pequenina. O ambiente era muito familiar e por isso o local de trabalho, durante muito tempo, foi um local descontraído, sem o stress constante e as horas extraordinárias habituais da minha profissão. Isso por si só, era o melhor.

Mas onde é que eu quero chegar com isto? Na verdade não sei bem, queria apenas demonstrar com o meu exemplo que são as nossas escolhas que constroem o nosso caminho e junto com ele, a nossa felicidade.

Há ainda outra coisa em que pensar: nas diferentes formas que temos de ser felizes. Durante a sua vida algumas pessoas dão mais importância à sua vida profissional, à sua liberdade e aos seus "desejos" materiais. As outras, colocam as pessoas no topo da sua lista de prioridades. E acredito que estas últimas são as que conseguem ser mais felizes. Há alguém que acredite mesmo que quando chegar a hora da sua morte que vai perder um segundo que seja a lembrar-se dos empregos que teve, dos sucessos profissionais que alcançou, de como foi um aluno brilhante, de todos os sítios que visitou, de todos os carros que comprou, de todas as casas em que viveu ou da sua extensa conta bancária? Para mim, aquilo em que toda a gente pensa nos momentos finais, é tão simplesmente nas pessoas. Nas pessoas que foram importantes na sua vida. Nas pessoas que o ajudaram a viver feliz. No meu caso, eu sei em quem vou pensar: vou-me lembar dos meus pais e da minha irmã. E como o tempo poderá ser curto, vou lembrar-me da minha família e dos meus amigos de um modo geral. Mas acima de tudo, irei lembrar-me do meu marido, dos meus filhos e dos meus netos (se já os houver). Sei, com toda a certeza, que na hora da minha morte iria lamentar toda a minha vida se a tivesse dedicado ao trabalho e se tivesse posto sempre as pessoas à margem. E sobretudo se nunca tivesse tido filhos. Chegaria à cruel conclusão que na realidade não tinha vivido, apenas existido. Por isso é com um sorriso nos lábios que digo que, apesar de profissionalmente as coisas neste momento não estarem a correr muito bem, vivo sobretudo para as pessoas de quem gosto e que amo. Todos os outros sonhos que um dia já tive são agora secundários. Vivo, procurando novas oportunidades, novos desafios e sempre com as pessoas perto de mim. E entretanto, enquanto isso não acontece, vivo e sou feliz.
"Fui para os bosques viver de livre vontade,
Para sugar todo o tutano da vida...
Para aniquilar tudo o que não era vida,
E para, quando morrer, não descobrir que não vivi!"
Henry David Thoreau

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Acordo ortográfico

Estou farta! Não do novo (velho) acordo ortográfico, mas da justificação mais amplamente divulgada dada por quem é contra.
"É um facto, daqueles que se constatam e não dos que se vestem."
"O cágado está de fato na praia." (está de facto ou está de fato?)
Eu até sou a favor do novo acordo. A mim não me choca nada. Mas vamos por partes e voltando ao facto, gostava mesmo que quem é contra não o usasse mais como argumento. Coitado do facto. Deve estar farto de ser usado como arma de arremesso numa discussão da qual ele nem sequer faz parte. Sim, não faz parte! Porque se quem é contra estivesse devidamente informado e soubesse verdadeiramente contra o que é contra, então saberia que em Portugal o facto vai continuar a ser facto e portanto esse seu argumento é no mínimo ridículo.

Voltando à minha opinião sobre este "novo" acordo ortográfico. Antes de mais ele já não é assim tão novo. Já data de 1990 apesar de só em 2009 ter entrado em vigor. Do meu ponto de vista não vejo qualquer problema nisto. É certo que há uma outra coisa que me fazem confusão e às quais me poderei demorar mais a habituar. Pára do verbo parar vai passar a escrever-se para. Pêlo vai passar a ser pelo. E ainda há outras. Mas para mim, só pelo facto de que me possa fazer alguma confusão, não é razão suficiente para rejeitar. Acho que tem muitas coisas positivas e a principal para mim é a omissão dos caracteres que não se leem. Por exemplo, objectivo passa a ser objetivo e óptimo passa a ser ótimo. Para quê complicar? Se a letra não se pronuncia para quê escrevê-la? Sempre pensei assim, ainda antes deste acordo ter surgido, por isso gostei.

Mas gostos à parte, para mim este acordo tal como outras reformas que já existiram, são uma forma de manter a língua "viva", em evolução, a acompanhar os tempos. Se tal nunca tivesse havido, hoje em dia nem o português nem tantas outras línguas existiam, e ainda usaríamos o latim. Haveria algum problema nisso? Claro que não. O latim é uma língua como outra qualquer, mas a ordem natural das coisas é haver evolução. Se houver algo que não evolui, penso que mais cedo ou mais tarde acaba por cair no esquecimento. Ou então acontece-lhe o mesmo que aconteceu ao latim: não desapareceu, mas hoje em dia é considerada uma língua morta.

Esta é apenas mais uma reforma da nossa língua. Sim, porque ela vai continuar a ser a nossa língua. Isso ninguém nos tira. Apenas vai haver algumas palavras que vão passar a ser escritas de outra forma. Que diriam se hoje em dia caravela fosse caravella ou psicologia fosse psychologia. É que até ao início do século XX era assim que se escrevia. Calculo que na altura também tenha havido quem se insurgisse contra estas e tantas outras mais alterações introduzidas na língua portuguesa. Mas se estas alterações não tivessem sido feitas, se calhar era assim que ainda hoje escreveríamos.

Para terminar, não tenho nada contra quem está contra este acordo ortográfico. Apenas gostaria que passassem a usar argumentos válidos (e deixassem o facto sossegado de uma vez por todas) e que vissem melhor quais são as verdadeiras alterações. Quanto a todos nós, a favor ou contra, temos até 2015, altura em que termina o período de transição, para nos habituarmos. Aos poucos e pouco aprenderemos estas alterações e não será assim tão complicado. A maioria delas até são intuitivas.

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sábado, 19 de janeiro de 2013

Vida

A vida é uma sucessão de bons e maus momentos preenchida por recordações e sentimentos. Um sonho que vivemos cada dia como quem adiciona uma estrela ao universo. E do mesmo modo que cada estrela é semelhante e diferente das outras e faz falta no universo, também cada instante que vivas é único. Por mais repetitivo ou estranho te possa parecer, é uma peça fundamental sem a qual o puzzle da tua vida não faria sentido.
[Escrevi este texto pela primeira vez em 2000 ou em 2001.]

Esta é a minha definição do que é a vida. Passamos toda a nossa existência a tentar encontrar um sentido para todas as peças que constituem o nosso puzzle, a tentar encaixá-las da forma correta. Uns têm mais facilidade do que outros, conseguem ter uma visão mais global e em cada momento encontrar e encaixar com destreza a peça certa. Mas não é só por que alguém conseguiu construir fácil e rapidamente o seu puzzle, que este se torna mais valioso que os dos outros. No final o que importa é olharmos para o que temos e para a forma como o conseguimos, e orgulharmo-nos disso. Não importa se o caminho foi mais ou menos simples, mais ou menos rápido, mais ou menos tortuoso. Desde que se o percorra acreditando, com vontade e um sorriso nos lábios, então, quando o puzzle estiver completo teremos a certeza que fomos felizes e que a vida que vivemos teve um sentido.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O tabaco e as crianças

Ora aqui estou eu a tocar num assunto quente, principalmente se os leitores forem fumadores.
Eu, como não fumadora desde sempre e para sempre, sou manifestamente anti-tabaco, mas sem nunca deixar de respeitar a opção dos fumadores de fumarem. Cada um de nós tem liberdade para fazer o que bem entende com a sua vida, e no meu entender essa liberdade só termina quando interfere com a liberdade de outras pessoas.
Mas disso falarei noutro dia. Hoje quero antes chamar a atenção para os perigos na exposição de crianças ao fumo do tabaco.

Basta andar na rua para diariamente vermos atentados à saúde dos mais pequeninos. Pais, mães, avós, avôs, tios, tias, primos, amigos ou meros conhecidos ou desconhecidos, convivem de perto com as crianças enquanto fumam os seus cigarros.
Dentro do carro, na esplanada do café, à porta de um prédio, a passear na rua. Quase todas estas pessoas, enquanto estão a fumar, fazem o gesto típico de pôr mais afastada a mão em que têm o cigarro, para trás, quase que escondida. Seria suficiente se não houvesse vento, correntes de ar, se tudo e todos permanecessem imóveis. Mas tal não acontece. E de cada vez que um adulto fuma junto a uma criança, ela vai estar, sem qualquer hipótese de escolha, a fumar passivamente.

Depois há outra questão. Muitos dos compostos químicos presentes no fumo do tabaco aderem às roupas, tapetes, mobílias, ..., ou seja, permanecem no espaço onde o cigarro foi fumado. Daí não ser só importante que as pessoas não fumem em frente às crianças, mas que também não o façam nos locais que estas frequentam.

Cabe aos pais criar condições para que os seus filhos cresçam num ambiente saudável, e no que respeita ao tabaco não significa apenas não fumarem em casa e à frente dos filhos (se se tratarem de pais fumadores), mas significa também impedirem que outros fumem com os seus filhos por perto e não frequentarem com os filhos locais onde se fuma. E muitas vezes estas medidas significam ser "desagradável" para com amigos ou familiares, mas antes ser "desagradável" e correr o risco de ser mal compreendido, do que conscientemente expôr os filhos a perigos que por vezes conduzem a problemas de saúde irreversíveis.

E se ainda há quem não esteja convencido e pense que se se fumar só de vez em quando um cigarrito em frente aos miúdos não tem mal nenhum, pense nas consequências para a saúde que lhes pode estar a causar: (apenas alguns exemplos) aumento da probabilidade de pneumonia, bronquite, tosse, dificuldade respiratória, agravamento de asma e desenvolvimento de doença cardíaca.
Para além de tudo isto, o fumo do cigarro contém imensos produtos cancerígenos, amoníaco, cianeto, monóxido de carbono, ... e os filhos de pais fumadores têm quatro vezes mais hipóteses de ser alérgicos e uma grande probabilidade de virem um dia a tornar-se também eles fumadores.

Termino como comecei: todos os fumadores têm direito a fazer a escolha de fumar, mas nenhum tem o direito (ou pelo menos nenhum devia ter) de conscientemente "obrigar" as outras pessoas a passivamente fumarem o fumo do seu tabaco, mesmo que essas outras pessoas sejam os seus filhos. E sobretudo se o forem!

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O início

Porque às vezes há coisas que mexem comigo. Mas também porque às vezes me apetece, apenas porque sim. Criei assim, aqui, um espaço onde tomo a liberdade de me expressar sobre tudo e mais alguma coisa. Sem nenhum tema preferido e sem temas tabus. Um espaço onde partilho as minhas opiniões e reflexões, as minhas certezas e as minhas dúvidas (existenciais), procurando sempre respeitar tudo e todos e desse modo esperar ser igualmente respeitada. Cada um de nós vê o mundo pelos seus olhos. Temos de saber ser capazes de aceitar que a nossa forma de ver, só porque é a nossa, não tem necessariamente de ser a correta, tal como a dos outros não tem necessariamente de ser a errada. Começo assim, hoje, a partilhar a minha forma de ver o mundo, que já se sabe, vale o que vale.